quinta-feira, 9 de outubro de 2008

iPhone impulsiona receita publicitária em celulares no Brasil

Aparelho incentiva 'adaptação de conteúdo' em portais e agências.
Setor deve movimentar mundialmente US$ 1 bilhão em 2008.

Para operadoras e agências publicitárias, a chegada do iPhone ao Brasil impulsionará um mercado que começa a dar seus primeiros passos no país, mas que deve ganhar relevância na receita das teles nos próximos anos: a publicidade no celular.

Em jogo está um mercado mundial, o de publicidade móvel, que movimentará US$ 1 bilhão este ano, mas com potencial de chegar a US$ 11 bilhões em 2011, segundo estimativas da empresa de pesquisas Informa Telecom.

O iPhone 3G, lançado no país em 26 de setembro pelas operadoras Vivo e Claro, tem como uma das características o acesso rápido à internet e uma tela sensível ao toque, que os especialistas consideram muito mais amigável para a navegação que os demais aparelhos celulares "inteligentes".

Marcelo Castelo, sócio da agência de comunicação interativa F.biz, cita como um sinal desse movimento a demanda recebida dos clientes para que a empresa crie campanhas no formato da tela do celular da Apple.

Ele diz que as duas operadoras responsáveis pela venda do iPhone no país já desenvolveram portais no formato do aparelho, o que motivou também empresas de conteúdo a fazerem o mesmo.

O portal iPhone da Claro, por exemplo, já tem anúncios do Banco do Brasil, Volkswagen e Lufthansa. A empresa Climatempo, que distribui informes sobre meteorologia, também desenvolveu uma versão iPhone de seu site para o qual comercializa banners.

O movimento foi seguido pelos portais Globo.com e da Editora Abril, ESPN e Folha de São Paulo, citou o executivo. "O iPhone está vendendo muito, e o browser do aparelho é muito melhor e mais amigável que de outros smartphones", afirmou Castelo, em entrevista à Reuters.

As operadoras não divulgam dados sobre a venda do modelo da Apple, mas a Claro, no lançamento do iPhone, chegou a prever falta de produto diante da forte demanda já previamente registrada no site da companhia.

Uma dimensão da audiência dos conteúdos trafegados no celular pode ser percebida pelo índices de acesso aos próprios portais da Claro e da Vivo antes mesmo do lançamento do iPhone.

Segundo Castelo, o portal da Vivo para o celular tem uma média de 4 milhões de visitantes por mês, número que é de, em média, 3 milhões mensais na Claro.

"As empresas querem comprar banners nesses portais para terem acesso a esse público", explicou o executivo. "Isso virou uma nova forma de receita para as operadoras sem nenhum custo para elas ou para o assinante", declarou.


Para superar a internet

O diretor de produtos e serviços da Vivo, Alexandre Fernandes, diz que "não há dúvida" de que o iPhone vai acelerar o chamado mobile marketing no Brasil.

Ele arrisca, inclusive, uma previsão. A internet hoje tem algo como 50 milhões de usuários no Brasil e recebe pouco mais de 3% do bolo de investimento publicitário no Brasil.

Como o número de usuários de celular é três vezes maior que o de internautas, "em três ou quatro anos o volume de negócios de mobile marketing vai superar o da internet", acredita o executivo.

Fernandes aponta três fatores que vão fazer da publicidade móvel "um grande sucesso": a interatividade, a possibilidade de localização do usuário e a segmentação. "Todos esses fatores se aplicam ao iPhone", acrescentou.



Disposta a se preparar para o momento de amadurecimento da publicidade no celular, a Claro organizou um inventário com suas iniciativas e credenciou sete distribuidores para que comecem "a vender a mídia celular", como explicou Fiamma Zarife, diretora de serviços de valor adicionado da operadora.

Ela explicou que o inventário reúne todo tipo de ação possível nessa mídia, como a distribuição de conteúdos patrocinados, o envio de mensagens de texto com anúncios e a colocação de banners no portal.

"O fato de termos criado espaço para banners no portal do iPhone tem sido muito bem recebido e deve alavancar esse novo negócio", afirmou a executiva à Reuters.

Começam a decolar os investimento em publicidade pelo celular

BRUXELAS* - Apesar de ainda discreta, a publicidade pelo celular já começou a se tornar economicamente mais interessante e os investimentos em seu desenvolvimento estão aumentando. Com a proliferação do uso do celular para acesso a internet em banda larga, surge um grande mercado para o chamado "target advertising", que consiste em uma propaganda totalmente personalizada, nesse caso para os usuários de telefone móvel.

Ainda bem fraca no Brasil, a prática já aguça interesses nos países desenvolvidos, que discutem o modelo de negócios ideal para que se torne rentável. Segundo o vice-presidente de Publicidade e Aplicações da Alcatel-Lucent, Stuart Waite, o investimento em publicidade personalizada pelo celular deve chegar a US$ 1,7 bilhão nos Estados Unidos neste ano, uma alta de importantes 89% em relação a 2007. Para 2012, o valor deverá passar a US$ 6,5 bilhões, de acordo com o executivo, que participou do Broadband World Forum, em Bruxelas.

Apesar de a aposta já ter se tornado investimento, os próprios países desenvolvidos ainda enfrentam desafios tecnológicos e estratégicos para que o negócio decole. Uma das discussões, por exemplo, trata da qualidade da rede das operadoras, para que a publicidade pelo celular possa oferecer a interatividade, tida como essencial para o sucesso da empreitada na avaliação de Basil Badawiyeh, vice-presidente de Estratégia de Produtos sobre Demanda da americana Arris, fabricante de soluções de banda larga.

Por aqui, a chegada do serviço de terceira geração de telefonia móvel (3G) tem grande potencial de alavancar o "target advertising", porém o baixíssimo número de acessos à internet via celular ainda é um entrave. Além do preço alto, o serviço ainda ineficiente e lento acaba afugentando a navegação.

Para o futuro, o que pode atrapalhar os planos dos publicitários brasileiros é a alta concentração dos terminais pré-pagos na base de celulares do país, segundo alertou o sócio da Praesto Convergence, Eric Santos. Isso porque os próprios executivos das operadoras brasileiras já parecem conformados com a participação de 80% dos telefones pré-pagos na base total, apesar dos diversos incentivos dados a quem opta por um plano pós. "Será preciso elaborar uma boa estratégia para trabalhar bem com essa base (pré-pago)", completou o Eric Santos.

Google e Yahoo adiam parceria em publicidade vinculada a buscas

Empresas acertam detalhes com Departamento de Justiça dos EUA.
Participação do Google no setor cresceu para 63% em agosto.

Yahoo anunciou nesta segunda (6) que decidiu, junto com o Google, retardar a implementação de uma controvertida parceria quanto à publicidade vinculada a buscas.


"As empresas concordaram quanto a retardar por breve prazo a implementação desse acordo para continuar as discussões em curso com o Departamento da Justiça (dos EUA)", anunciou o Yahoo em comunicado. "Mantivemos discussões com as autoridades regulatórias e estamos ansiosos por responder às questões delas sobre o acordo".



O Google divulgou comunicado semelhante. "Quando anunciamos nosso acordo publicitário com o Yahoo, em junho, aceitamos adiar a implementação até outubro a fim de permitir que as autoridades regulatórias tivessem tempo de estudar os detalhes. Como ainda estamos conversando com o Departamento da Justiça, concordamos em adiar um pouco a implementação do acordo enquanto as discussões prosseguem", afirmou a companhia.

A implementação deve ser adiada por menos de um mês, disse uma fonte familiarizada com as discussões à Reuters. "Continuamos a planejar que o acordo entre em vigor em outubro", disse a fonte.




Lendo a mente do usuário

O acordo, que permite que o Google venda publicidade para ocupar certos espaços publicitários no Yahoo, não é popular com os anunciantes, que temem um aumento de preços. A participação do Google no mercado de publicidade vinculada a buscas cresceu para 63% em agosto, enquanto a do Yahoo caiu a 19,6% e a da Microsoft caiu a 8,3%, de acordo com a comScore.

Bob Liodice, presidente da Association of National Advertisers, disse que sua organização desaprova o acordo. "Estamos gratos ao Yahoo e Google pelo adiamento", disse.

O Google utiliza um algoritmo que direciona aos consumidores os anúncios que o software da empresa vê como mais apropriados, fórmula que alguns anunciantes consideram misteriosa e incômoda.

O acordo de publicidade compartilhada anunciado em junho foi visto como um esforço para ajudar a rebater os esforços da Microsoft para adquirir o Yahoo, propiciando a este último 800 milhões de dólares anuais em receita adicional.